GRUPO DE APOIO E PREVENÇÃO À AIDS

DO ESTADO DE MINAS GERAIS - GAPA-MG

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MANUAL PARA PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO EM AIDS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rua Tamoios 671 - Conjunto 14 -Centro

CEP: 30120-050 - Belo Horizonte - Minas Gerais

Fone/Fax: (031) 271 - 2126

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

Introdução

1. O GAPA-MG

2. Considerações preliminares

3. Breve histórico da AIDS

4. AIDS e HIV

5. Ação do HIV no sistema imunológico

6. Portador assintomático e sintomático ao HIV e pessoa com AIDS

7. Testes anti-HIV

7.1. Bancos de sangue

8. Medicamentos antiretrovirais

9. Sobre transmissão e prevenção

10. Como o HIV não é transmitido

11. Como usar a camisinha

12. Barreira de látex para o sexo oral

13. Avaliando riscos nas práticas sexuais

14. Sexo mais seguro

15. Procedimentos de biossegurança

16. Mitos e lendas

17. A saúde e a ética

18. Conclusão

19. Locais para atendimento no serviço público de saúde

20. Glossário

21. Bibliografia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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1. INTRODUÇÃO

 

Este material se propõe a servir de suporte para atividades relacionadas à educação e prevenção à AIDS. Portanto, seu objetivo é fundamentar ações e estratégias que busquem, dentro de um contexto determinado, promover a mudança de posturas, hábitos e atitudes.

Nesse sentido, a equipe que organizou este material procurou abordar não apenas informações técnicas a respeito da epidemia de HIV/AIDS, mas, sobretudo, enfocar questões correlacionadas a aspectos psicossociais da ação do HIV em nosso meio. Este trabalho, enfim, é fruto da experiência acumulada em oito anos de serviços prestados na área de prevenção à AIDS pelo GAPA-MG.

 

 

 

 

 

 

 

Coordenadoria de Ensino e Educação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1. O GAPA - MG

O Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS do Estado de Minas Gerais (GAPA - MG) é uma entidade civil, sem fins lucrativos e reconhecida como Utilidade Pública em âmbito Municipal e Estadual.

Fundado em 1987, o Grupo compõe-se de profissionais com formações diversificadas que atuam como voluntários nas diversas atividades desenvolvidas pela entidade.

O GAPA - MG entende que a AIDS é uma questão de saúde pública e que deve contar com a participação popular na busca de suas soluções.

As linhas de ação prioritárias são:

- prestar apoio direto e assistência aos portadores do HIV e às pessoas com AIDS;

- difundir informações corretas, de forma clara, segura e atualizada sobre a AIDS e assuntos correlacionados;

- atuar contra o preconceito e a discriminação aos portadores do HIV e às pessoas com AIDS e

- lutar pela instalação de um serviço de saúde pública eficiente no Estado.

 

2. Considerações preliminares

A AIDS é um fato e, muito mais que uma doença, já se tornou uma grave questão social, pois:

- a maioria das pessoas com HIV é jovem;

- seu agente etiológico - o HIV - não ataca apenas "certas" pessoas ou "certos" grupos;

- a AIDS traz graves problemas psicológicos;

- seu controle e tratamento exigem gastos financeiros bastante elevados, inversamente proporcionais se fossem desenvolvidos programas básicos de prevenção previamente.

A AIDS é evitável, desde que se conheçam bem as formas de transmissão e os meios de contaminação pelo HIV.

Diante de tudo isso, é importante desenvolver estratégias de prevenção que tentem se antecipar à dimensão epidêmica da AIDS.

Como a AIDS ainda é uma doença incurável, os "remédios" mais eficazes são a informação e a educação, para evitá-la; a solidariedade, para minimizar suas conseqüências e um sistema de saúde pública bem organizado para atender à população atingida.

Aprendendo a se proteger e tendo acesso a informações mais claras os medos infundados tendem a desaparecer e as pessoas poderão deixar de evitar os indivíduos com AIDS, com receio de ficarem contaminados.

É necessário verificar sempre a procedência das informações sobre AIDS, principalmente as veiculadas pelo rádio, jornais, revista e televisão, já que parte da imprensa, às vezes, noticia fatos e dados inverídicos ou não comprovados cientificamente.

É comum também encontrarmos informações de fundo moralista, preconceituoso ou discriminatório, que nada contribuem para a prevenção contra a AIDS.

É ainda freqüente, afinal, encontrarmos pessoas que se posicionam de maneira equivocada, pensando que a AIDS não é problema seu. A AIDS é uma questão de todos nós e requer uma posição decidida para enfrentá-la.

 

3. Breve histórico da AIDS

Os primeiros casos do que veio a se chamar AIDS foram identificados nos Estados Unidos, em 1981. Constatou-se, em Los Angeles e Nova York, que alguns homossexuais do sexo masculino estavam sendo acometidas por um tipo raro de pneumonia, enquanto outros apresentavam também um câncer muito raro, o Sarcoma de Kaposi. Concomitantemente, no mesmo ano, foram verificados casos em homossexuais franceses, embora não houvesse comunicação entre esses casos.

Mesmo não se conhecendo a causa desses acometimentos, foi-lhe dada a denominação de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS, pois enfraquecia o organismo humano deixando-o com pouca resistência às doenças.

Em 1983, cientistas franceses conseguiram identificar e isolar o vírus causador da AIDS, cuja sigla foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apenas em 1986, após uma polêmica entre cientistas norte-americanos e franceses: Vírus da imunodeficiência Humana.

Desde então, a AIDS tornou-se uma das doenças mais pesquisadas em todo o mundo e o HIV, um dos vírus sobre o qual se deteve mais conhecimento e tempo de pesquisa. Todavia, muito ainda há para ser descoberto e analisado, tanto no que se refere às formas de tratamento clínico-ambulatorial, quanto ao que diz respeito a medicamentos mais específicos e produtos vacinais.

Depois de quinze anos de epidemia de HIV/AIDS pôde-se verificar que a doença veio para ficar. Infelizmente, a AIDS não é apenas um surto que pode ser tratdo com vacinação em massa. Para combater e lutar contra essa síndrome é necessária uma mobilização comunitária bem construída e tecida no sentido de garantir espaço para a educação e a prevenção, abrindo oportunidade para a mudança de hábitos, posturas e atitudes. Afinal, a falsa idéia de ‘grupo de risco’ deixou de existir para dar lugar ao conceito de "comportamento de risco".

 

4. AIDS E HIV

A sigla AIDS designa, em inglês, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Embora sua sigla em português seja SIDA, é o termo AIDS que vem sendo amplamente utilizado no Brasil.

Síndrome diz respeito a um conjunto de sinais e sintomas que podem ser produzidos por mais de uma causa. Imunodeficiência se traduz na incapacidade do organismo, através de seu sistema imunológico, de se defender dos diversos agentes causadores de doenças. E adquirida nos remete a algo que se contrai em algum período dentro de um processo ao longo da vida.

A AIDS, portanto, é uma condição na qual se manifesta um conjunto de doenças, devido à incapacidade do organismo de se defender.

Normalmente percebe-se uma seqüência de etapas que culminam na AIDS: em primeiro lugar, a aquisição do vírus por meio de determinadas situações consideradas de risco; em seguida, um período de constante equilíbrio entre a carga viral e o conjunto de células responsáveis pela imunidade do ser humano; posteriormente, o início do desenvolvimento da incapacidade do organismo se defender, manifestada pelo aparecimento de alguns sintomas ao mesmo tempo e, finalmente, a manifestação de algumas doenças relacionadas à AIDS.

Na AIDS, a condição de imunodeficiência é provocada por um vírus, denominado Vírus da Imunodeficiência Humana, designado pela sigla em inglês HIV, também adotada no Brasil.

Fica fácil entender que a AIDS não se transmite, mas se desenvolve. O que se transmite é o vírus causador da imunodeficiência que desencadeia a AIDS: o HIV.

Viver em tempos de AIDS requer que se conheçam bem as circunstâncias em que se corre o risco de contrair esse vírus - às quais denominamos "situações de risco".

 

5. Ação do HIV no sistema imunológico

Quando o indivíduo se expõe a alguma situação de risco e contrai o HIV, o sistema imunológico reconhece sua presença e dá início à produção de anticorpos anti-HIV, na tentativa de neutralizar seus efeitos. O HIV, porém, vai se alojar dentro de algumas células do organismo, inclusive dentro das células coordenadoras do sistema imunológico (os linfócitos).

Em geral, o processo de produção de anticorpos pode ser iniciado com até duas semanas de retardo, contadas a partir do momento da contaminação, estendendo-se até três meses após o momento do contágio. Essa faixa de tempo ocorre em 98% dos casos, sendo denominada soroconversão ou "janela imunológica". Em casos mais raros esse período pode se estender até seis meses.

Sabe-se que desde o momento de entrada do vírus no organismo humano ocorre uma reação das células de defesa tão logo elas tenham identificado e localizado a presença do vírus. Inicia-se um processo de embate entre a carga viral e as células imunológicas na tentativa de manter o funcionamento da imunidade corporal em equilíbrio. Esse ciclo se repete até que o sistema imunológico, desorganizado, não consiga mais desempenhar seu papel de defesa do organismo contra o ataque dos agentes causadores de doenças, o que se traduz na condição de imunodeficiência.

O organismo, incapaz de se proteger contra o ataque dos agentes causadores de doenças, fica vulnerável a uma série de infecções oportunistas, assim chamadas porque se aproveitam da oportunidade do sistema imunológico estar desorganizado para se manifestarem.

 

 

 

6. Portadores assintomáticos e sintomáticos do HIV, e pessoas com AIDS

Contraído o HIV, ocorre no indivíduo um processo infeccioso - que normalmente passa despercebido - e, como já vimos, o HIV vai se alojar dentro das células do sistema de defesa, iniciando seu processo de reprodução. Durante esse período, diz-se que o indivíduo é portador assintomático do HIV. O exame é positivo, porém a pessoa está tão bem quanto qualquer outra que não tenha o HIV. No entanto, nessa fase a pessoa pode transmitir o vírus a outras ao se envolver em situações de risco.

Alguns indivíduos contaminados desenvolvem algumas doenças oportunistas (que não levam à morte) causadas pelo enfraquecimento do sistema de defesa natural provocado pela ação do HIV. Essas doenças se aproveitam da desorganização do sistema imunológico para se instalar no organismo humano, constituindo um quadro clínico relacionada à AIDS. Nessa fase, diz-se que a pessoa é portadora sintomática do HIV, podendo também transmiti-lo involuntariamente. Essas doenças têm sinais clínicos - gânglios inflamados (ínguas), fadiga sem motivo, perda de peso involuntária, febres intermitentes, diarréias, tosses persistentes e suores noturnos - que não são, no entanto, exclusivos da infecção pelo HIV, e que podem ser ocasionados por uma série de outras doenças. Embora esses sinais sejam comuns entre portadores de HIV, a manifestação deles não caracterizam desenvolvimento exclusivo de AIDS.

Sabe-se que o HIV desorganiza o sistema imunológico. Quanto mais debilitado estiver o sistema imunológico, maior a possibilidade da pessoa vir a desenvolver AIDS. Vale a pena lembrar que uma pessoa portadora do HIV pode vir a desenvolver AIDS dentro de um período que dura, em média, oito a dez anos. No entanto, caso haja uma recontaminação por uma carga viral diferente, esse período pode ser abreviado.

As pessoas com AIDS são acometidas por uma série de infecções oportunistas ainda mais graves, dentre as quais destacamos algumas: pneumonia por Pneumocistis carinii, tuberculose, candidíase, toxoplasmose e sarcoma de kaposi.

7. Testes anti-HIV

Só é possível saber se uma pessoa está ou não contaminada através da realização de testes laboratoriais que pesquisem a presença de anticorpos contra o HIV no sangue coletado.

A infecção pelo HIV é, em geral, seguida do aparecimento de anticorpos contra o vírus. Um número suficiente de anticorpos para ser detectado em exames anti-HIV aparece, normalmente, doze semanas após a contaminação. Este período, denominado "janela imunológica", é o responsável, na maior parte dos casos, pela ocorrência de exame com resultado falsao negativo, uma vez que o organismo não teve tempo suficiente para produzir anticorpos anti-HIV.

No mercado brasileiro encontram-se disponíveis os testes ELISA e WESTERN BLOT. O ELISA é o teste mais comumente realizado por se tratar de um exame de menor custo, com sensibilidade e especificidade altas. O WESTERN BLOT é, geralmente, usado como exame confirmatório (em caso de ELISA positivo) por ser um exame mais caro. No entanto, é recomendado que qualquer resultado seja repetido e confirmado após um período mínimo de quatro meses, recomendado pelo seu atendente.

O teste anti-HIV deve ser realizado em postos de serviço público de saúde capacitados para isso, onde o interessado receberá orientação psicológica e escalrecimentos sobre a necessidade real de fazer o exame. Nesses locais o interessado terá atendimento gratuito, anônimo e confidencial, tendo preservado o sigilo sobre o resultado de seu exame. O cuidado especial tomado na realização e interpretação do exame deve ser estendido à manipulação do resultado. A comunicação do resultado deverá ser feita por profissional de saúde preparado para oferecer suporte psicológico e aconselhamento.

Contudo, a maneira como a epidemia de HIV/AIDS foi tratada no meio social gerou a impressão de que a prevenção seria melhor executada se se realizassem exames em massa para se identificar pessoas com HIV. A intenção dessa prática mostra-se inoportuna e deixa transparecer reações com objetivos discriminatórios sob a capa da necessidade de assistência.

É vedada a exigência ou obrigação da realização de teste anti-HIV com finalidade pré-admissional ou nos períodos anuais de exames nas empresas. A portaria interministerial nº 796, de 25/05/1992 (Ministérios da Saúde e da Educação) impede qualquer exigência nesse sentido, sendo reforçada pela resolução nº 1.359/92, do Conselho Federal de Medicina. O médico do trabalho, sob hipótese alguma, pode revelar, a profissional mais graduado dentro da empresa, o resultado do exame de um funcionário sem o pleno consentimento deste.

Sabe-se que muitas empresas têm-se utilizado desse artifício a fim de demitir funcionários HIV positivos, dispensando qualquer possibilidade de auxílio. Nesse sentido, o exame anti-HIV acaba se tornando uma arma de opressão, exclusão, discriminação e preconceito contra qualquer indivíduo. É necessário tornar claro que uma pessoa com HIV continua portadora de direitos civis, sociais, trabalhistas e humanos; continua capaz de trabalhar e sentir-se produtiva.

7.1) Bancos de sangue

Ainda relacionado aos testes anti-HIV temos a situação de pessoas mal informadas que procuram bancos de sangue com a intenção de fazerem seu teste nesses locais. Pouco encorajados a procurar um serviço de saúde público especializado ou por já serem doadores habituais, esses indivíduos se dirigem aos bancos de sangue tendo em vista a oportunidade de fazerem exames gratuitos.

A problemática, nessa situação, está relacionada à "janela imunológica". Querendo se desfazer de uma dúvida, um indivíduo mal orientado poderá estar doando seu sangue dentro de um período de tempo no qual um exame ELISA não terá condições de apontar um resultado positivo real. Dessa forma, os produtos derivados do sangue doado poderão ser utilizados em outras pessoas e, se estiverem contaminados, contaminarão quem os receber.

Nesse caso, não se trata de impedir ou rejeitar a doação de sangue de indivíduos pertencentes a determinados segmentos sociais. Trata-se de, primeiro, conscientizar tanto o serviço quanto o doador em potencial esclarecendo sobre a necessidade de sinceridade e alguns exames físicos; em seguida, realizar uma entrevista detalhada com o possível doador no sentido de detectar situações e graus de riscos diferenciados em seu relato, aprimorando, desse modo, o mecanismo de selecionar doadores em potencial.

É necessário esclarecer que banco de sangue não é local adequado para fazer exame anti-HIV. Consulte no final deste manual os locais para onde você poderá se encaminhar ou encaminhar as pessoas interessadas.

 

8. Medicamentos antiretrovirais

O HIV é um vírus classificado como retrovírus porque possui apenas RNA na composição de seu material genético. Por esse motivo, o HIV necessita instalar-se em células humanas complexas com DNA para, associado ao material genético da célula hospedeira, reduplicar-se. Assim, através da ação de uma enzima chamada transcriptase reversa, o vírus tem seu material reproduzido, dando origem a novos vírus.

É sobre essa enzima que alguns dos medicamentos antiretrovirais existentes vão atuar. É necessário enfatizar que esses medicamentos não têm função de matar o HIV. Eles apenas inibem e impedem a ação daquela enzima, dificultando a reduplicação do vírus.

O antiretroviral mais conhecido é o AZT. Ele foi aprovado e autorizado para uso em 1987. Desde então vem sendo usado em larga escala, a critério médico. No entanto, o HIV pode adquirir resistência ao medicamento. Além disso, o AZT pode provocar efeitos colaterais.

Atualmente, encontram-se aprovados para uso outros três antiretrovirais: o DDI, o DDC e o D4T. No Brasil, o serviço público de saúde já opera com o DDI, utilizado para aqueles casos de intolerância ao AZT ou em uso combinado ao AZT. Ambos agem sobre a transcriptase reversa.

Mais recentemente estão sendo pesquisados outros medicamentos que se propõem a atuar sobre a fase final de reduplicação do HIV e agir sobre uma enzima chamada protease. Esses medicamentos são conhecidos como inibidores de protease.

Atualmente, verificou-se que a combinação de terapias com o uso de inibidores de transcriptase reversa e de protease, concomitantemente, oferece resultados mais eficazes na ação direta contra o vírus.

 

9. Sobre transmissão e prevenção

Durante todo o período de existência e propagação da epidemia de HIV/AIDS, algo foi imprescindível para estabelecer medidas de controle sobre a disseminação do vírus: conhecer suas formas e seus meios de transmissão, bem como as maneiras de prevenir-se.

Desde o início, essa epidemia mobilizou esforços da comunidade científica no sentido de descobrir, de maneira rápida, os meios de reagir contra a contaminação pelo HIV. Infelizmente, esse movimento veio envolvido por vários equívocos que tentavam localizar entre grupos marginalizados pelo padrão sexual focos de infecção pelo HIV.

Assim, a possibilidade de evolução da epidemia foi diretamente relacionada a medidas de restrição sobre aqueles segmentos sociais. A exclusão, o isolamento, a intolerância, a discriminação vieram acompanhados pela adoção da testagem compulsória, da quebra de sigilo em alguns casos, de opiniões contrárias à ética e à cidadania, de demissões nos empregos, de negligências. A AIDS ultrapassou o espaço médico-científico e invadiu o espaço social, criando uma lógica específica e delimitando um campo onde as ações humanas estão sempre a reboque de interesses que atropelam a dignidade e o respeito humanos.

Como veremos a seguir, as formas e meios de trasnmissão do HIV já foram delimitados e definidos pela ciência. Avançando nesse campo, atravessamos para outro sobre o qual se situam as dificuldades de aceitação da epidemia, os preconceitos, os impedimentos morais e a falta de conhecimento para a convivência natural e social com pessoas com HIV/AIDS. Desse modo, podemos perceber que a prevenção não é apenas um trabalho técnico-científico, mas também um trabalho de educação, de mudança de comportamentos e formas de pensar, de reorganização social para a reinserção da pessoa com HIV ou doente com AIDS.

Embora o HIV possa ser encontrado em todos os fluidos corpóreos, ele só tem poder de contaminação quando no sangue, nas secreções sexuais (esperma e secreção vaginal) e no leite materno, que são suas vias de contaminação.

Apresentamos nas tabelas abaixo cada via de contaminação e suas situações de risco mais comuns.

TABELA I - Via de contaminação: Sangue

Situação de Risco

Forma de Prevenção

Receber transfusão de sangue contaminado

- Certificar-se de que o sangue foi testado

Usar produtos derivados de sangue contaminado

- Certificar-se de que o produto foi fabricado com sangue testado

Compartilhar agulhas e seringas contaminadas

- Usar agulhas e seringas descartáveis

- Certificar-se de que as agulhas e seringas não-descartáveis foram esterilizadas

Manipular material contaminado

- Observar procedimentos de biossegurança

O estrito controle do sangue transfundido e de todos os seus derivados é medida obrigatória aos bancos de sangue e aos órgãos de saúde, bem como direito e dever de todos os cidadãos.

Os usuários de drogas injetáveis também devem se prevenir desinfetando suas agulhas e seringas ou evitando compartilhá-las.

 

 

TABELA II - Via de contaminação: Secreções Sexuais (esperma e secreção vaginal)

Situação de Risco

Forma de Prevenção

Contato, sem proteção, com secreções sexuais contaminadas (esperma e secreção vaginal)

- Usar "camisinha", nas práticas sexuais com penetração oral, vaginal e anal

- Usar barreira de látex látex nas práticas sexuais orais, vaginais e anais

Manipular material contaminado

- Observar procedimentos de biossegurança

Através de práticas sexuais mais seguras podemos evitar a trasmissão do HIV. Para tanto, deve-se fazer uso do sexo mais seguro e do preservativo nas relações sexuais de qualquer tipo (oral, vaginal e anal).

 

TABELA III - Transmissão Vertical

Situação de Risco

Forma de Prevenção

Durante a gravidez, através da placenta

- Não há como prevenir a transmissão do HIV através da placenta

Durante o parto

- Há formas de parto mais seguras que as convencionalmente usadas.

Através da amamentação materna

- Banco de leite: certificar-se de que o leite foi pasteurizado

 

10. Como o HIV não é transmitido

Não há risco de se contrair o HIV no convívio familiar, social ou profissional. O vírus da AIDS não é transmitido pelo ar ou pela água, nem é absorvido pela pele.

A transmissão não ocorre:

- pelo espirro, através de alimentos, pelo uso comum de copos, talheres, pratos ou utensílios de cozinha em geral e de roupas de cama;

- através de pias, privadas, banheiras, piscinas, saunas, elevadores, ônibus, metrôs ou pelo manuseio de cédulas de dinheiro e moedas;

- por dormir no mesmo quarto, trabalhar na mesma sala, freqüentar a mesma escola, cinemas, teatros e restaurantes;

- pelo aperto de mão, abraços e beijos;

- através da doação de sangue, desde que o material utilizado seja descartável ou esterilizado, e

- não há qualquer evidência científica de que o HIV possa ser transmitido por picadas de insetos.

 

11. Como usar a camisinha

As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, seco e adequado para que não sejam danificadas durante seu armazenamento. Verificar sempre o período de validade; se sua embalagem não está danificada e se possui o selo de aprovação do INMETRO.

A camisinha somente deve ser retirada da embalagem no momento de sua utilização. Ao abrir a embalagem, ter cuidado para não rasgar a camisinha

É muito importante saber usar corretamente a camisinha. Eis algumas dicas:

- Observar o sentido correto de desenrolar a camisinha;

- Retirar o ar do bico da camisinha, pressionando levemente sua ponta com os dedos;

- Colocar a camisinha com o pênis ereto, antes de qualquer penetração - anal, vaginal ou oral - pois a secreção que o pênis elimina antes da ejaculação já possui carga viral suficiente para contaminação. Isso é válido também para a secreção vaginal;

- Depois de gozar, retirar a camisinha ainda com o pênis ereto, tendo cuidado para que não ocorra vazamento de esperma;

- Dar um nó na camisinha e jogá-la no lixo.

Os cremes ou óleos à base de vegetais ou minerais (vaselina, cremes hidratantes ou enxagüantes, manteiga, creme de barbear, etc) não são adequados para lubrificar a camisinha. Esses produtos aquecem e fazem distender o látex da camisinha, podendo provocar seu rompimento. Podem também dilatar os poros do látex, permitindo a passagem do HIV para a mucosa. Vale a pena observar que a vaselina, por não ser solúvel em água, pode acarretar algum tipo de irritação na mucosa anal ou vaginal.

Para lubrificar adicionalmente as camisinhas use somente géis à base de água (KY-Gel ou Preserv-Gel).

Entre os homens, é comum ouvir reclamações sobre a perda de sensibilidade do pênis com o uso da camisinha. Para evitar isso, experimente colocar apenas uma gota de lubrificante dentro do bico da camisinha. Em seguida, aperte o bico com os dedos para retirar o ar e espalhar o lubrificante. Vista a camisinha. Desse modo, a cabeça do pênis ficará levemente umedecida, dando a sensação de intimidade.

 

12. Barreira de látex para o sexo oral

Para evitar o contato direto da boca com a vagina ou o ânus, prepare uma barreira de látex para o sexo oral:

- Corte a pontinha de uma camisinha, de preferência, do tipo não-lubrificada;

- Corte a camisinha também no sentido transversal, e

- Desenrole a camisinha, já cortada na ponta e no sentido transversal.

Você terá, então, um retângulo de látex, barreira apropriada para proteger sua boca durante o sexo oral na vagina ou no ânus.

 

13. Avaliando riscos nas práticas sexuais

No Brasil, dados epidemiológicos ainda apontam um alto percentual de contaminação pelo HIV através do contato com secreções sexuais contaminadas sem proteção entre os parceiros. Diante disso, é importante conhecermos as causas reais que expõem homens e mulheres, adolescentes ou adultos, independente de sua orientação sexual, a uma maior exposição ao HIV durante seus contatos sexuais.

As exposições freqüentes, contínuas e prolongadas ao HIV aumentam o risco de contaminação. Outro fator a ser considerado é a periculosidade de cada tipo de exposição, conforme ilustrado na figura a seguir.

O TRIÂNGULO DE RISCO NAS PRÁTICAS

Não existe relação sexual de risco zero. Toda e qualquer prática sexual, sem proteção, pode levar à infecção pelo HIV. No entanto, existem práticas sexuais mais arriscadas do que outras, e a isto chamamos de gradiente de risco ou hierarquia de risco nas relações sexuias, representada pelo triângulo dos riscos.

A interpretação do triângulo deve ser feita considerando sempre o ponto-de-vista do parceiro contaminado pelo HIV. A probabilidade de contaminação é maior nas exposições anais passivas e o risco decresce ao longo do triângulo, até encontrarmos as exposições de menor risco: as orais.

É muito importante compreender porque a escla de risco se constrói da maneira exposta acima. Dessa forma, poderemos evitar reforçar alguns equívocos relacionados a fatores morais ou religiosos na interpretação dessa escala. Da mesma forma, poderemos corrigir algumas falhas de informação sobre a epidemia de HIV/AIDS.

As práticas sexuais que implicam penetração anal ou vaginal acarretarão menor ou maior risco quando associadas às características das mucosas anal e vaginal. Observe o quadro abaixo:

 

Mucosa(*) anal

Mucosa vaginal

a) lubrificação

-

+

b) elasticidade

-

+

c) absorção

+

-

d) vascularização

+

-

Temos quatro elementos que devem ser associados às mucosas anal e vaginal: a existência de lubrificação natural; capacidade natural para distensão; potencial para absorção de secreções e alta concentração de capilares sangüíneos facilmente sensíveis a rupturas. No quadro apresentado acima, o sinal (-) relacionado à mucosa anal indica ausência da propriedade correspondente e, relacionado à mucosa vaginal, indica uma propriedade menor com relação ao seu correlato na mucosa anal. Por sua vez, o sinal (+) indica alta capacidade para ambas as mucosas.

Tendo em vista que toda prática sexual com penetração é um ato invasivo que provoca fricção e atrito entre a mucosa do canal penetrado e a pele do pênis e sabendo de antemão que o sangue, o esperma e a secreção vaginal são três secreções humanas com alto teor de HIV quando contaminadas, deve-se pensar o seguinte:

- a mucosa anal, sem elasticidade e lubrificação naturais, é mais fácil de sofrer escoriações ou esfoladuras do que a mucosa vaginal. Essas pequenas escoriações, muitas vezes não visíveis a olho nu, são provocadas também no pênis durante o ato de penetração, ocasionando uma possível troca de sangue entre os parceiros e possível contaminação. Ainda no caso da prática anal, se o parceiro ejacula no interior do canal anal do(a) outro(a) parceiro(a), a mucosa anal absorverá o esperma que, se contaminado, poderá contaminar o parceiro que for penetrado;

- o mesmo raciocínio pode ser feito para a prática vaginal com penetração. Apesar de lubrificada naturalmente, o caráter invasivo e de atrito da penetração pode provocar pequenas fissuras na mucosa vaginal dando oportunidade a uma possível contaminação.

A propósito da mucosa oro-bucal deve-se assinalar que sua resistência é maior devido ao tempo de uso e ao pH da saliva, que contém enzimas ácidas. Mesmo assim, a presença de infecções na gengiva (gengivite, periodontites, etc) que sangram podem se transformar em uma porta de entrada para o HIV no caso de uma prática oral com penetração do pênis na boca seguida de ejaculação sem proteção.

É importante, nesse momento, chamar a atenção para a questão da recontaminação. Existe a possibilidade de uma pessoa soropositiva adquirir uma nova carga de vírus se ela mantém comportamentos de risco sem proteção. A aquisição dessa nova carga viral pode trazer problemas para esse indivíduo, provocando um enfraquecimento mais acentuado de seu sistema de defesa, sobretudo se houver difrerenciação no tipo ou subtipo de vírus adquirido.

Por fim, é importante registrar que se você não dispõe de camisinha no momento de sua transa, evite a penetração. Qualquer prática sexual oferece uma forma de prazer diferente da outra. Faça uso do sexo mais seguro. Saiba o que é isso lendo a parte seguinte.

 

 

 

 

 

14. Sexo mais seguro

Com o passar do tempo, a epidemia de HIV/AIDS trouxe para o dia a dia a preocupação com as diversas formas de obter prazer. As relações sexuais com penetração sem proteção foram as mais visadas, levando a confundir práticas, preferências e orientações sexuais ao mesmo tempo que estigmatizavam o sexo enquanto fonte de prazer e permissividade. Essas idéias e atitudes equivocadas ajudaram a provocar um refluxo e retraimento no comportamento dos indivíduos, reforçando opções como a castidade, a abstinência ou a redução do número de parceiros sem se atentar para outros ângulos da questão.

Como reação ao cerco contra a livre expressão da sexualidade e contra medidas que impedem as pessoas de desenvolverem e exercerem suas práticas sexuais, surgiu nos meados da década de 80, nos EUA, a expressão safer sex ou sexo mais seguro. O sexo mais seguro transfigurou-se em técnicas, atitudes e comportamentos que substituem as práticas sexuais com penetração sem proteção ou que "preparam o campo" para que a penetração seja feita com proteção e como etapa final de uma série de descobertas ou de práticas pouco utilizadas. Segurança aqui significa respeito à sua saúde e à do(a) parceiro(a) e responsabilidade pelo seu próprio bem-estar. Nesse sentido, o sexo mais seguro visa impedir o contato, sem proteção, com a secreção sexual do parceiro quando houver penetração ou, se houver penetração, fazê-la com camisinha.

O sexo mais seguro estimula os parceiros a descobrir zonas de prazer no corpo um do outro, pouco exploradas, retirando do ato de penetração seu caráter imprescindível e indispensável. Assim, as formas de sexo mais seguro procuram explorar regiões particulares a cada pessoa através do toque afetuoso; do uso dos dedos, dos lábios ou da língua; da masturbação mútua ou individual; do uso de objetos; do contato com substâncias que induzam à lambida, à sucção, à chupada, à mordida afetuosa - enfim, de pequenos contatos que adiam a penetração e dão oportunidade para descobrir o corpo do(a) parceiro(a), complementando o contato sexual entre os parceiros.

 

15. Procedimentos de biossegurança

Fora do organismo humano, o HIV é pouco resistente, e pode ser destruído facilmente das seguintes formas:

- Aquecimento à temperatura de 56 (cinqüenta e seis) graus, durante 30 (trinta) minutos;

- Esterilização de instrumentos através do processo de autoclave ou panela de pressão, por 30 (trinta) minutos, ou por estufa, por 120 (cento e vinte) minutos;

- Imersão dos objetos em:

* Hipoclorito de sódio (água sanitária), durante 30 (trinta) minutos,

* Água oxigenada (dez volumes), durante 30 (trinta) minutos e

* Etanol (álcool comum), durante 30 (trinta) minutos.

 

 

16. Cuidados normais de higiene

É importante exigir que os instrumentos utilizados por dentistas, farmacêuticos, médicos, manicures, calistas, barbeiros, acupunturistas, tatuadores etc tenham sido devidamente esterilizados.

Não é recomendável a utilização imediata e sem prévia limpeza de objetos pessoais que possam ter tido contato com o sangue de outras pessoas, como, por exemplo, aparelhos de barbear ou depilar, alicates de cutícula, escovas de dente, etc.

 

17. Mitos e lendas

Durante a existência e evolução da epidemia de HIV/AIDS, foram sendo criados alguns mitos que afastariam o risco de contaminação pelo HIV. Consideramos relevante listar rapidamente alguns deles aqui para chamar atenção sobre o universo imaginário e simbólico que subsiste a essa epidemia.

A sensação de onipotência nos faz sentir todo-poderosos, imunes inclusive à contaminação pelo HIV. Essa impressão nos leva a imaginar que a AIDS seja uma doença distante de nós, e que só as outras pessoas estão sujeitas a se contaminarem.

Outra consideração muito importante é sobre a questão da abstinência sexual: esta ideologia não contribui em nada no que se refere à prevenção ao HIV. Seu conteúdo apenas apregoa a negação do prazer como forma de prevenção, raciocínio absolutamente incorreto.

Ainda se ouve falar também que uma das formas de prevenção contra o HIV é a redução de parceiros sexuais. Essa hipótese tem como pano de fundo um falso moralismo, e não pode ser considerada como forma de prevenção, pois dentre um número reduzido de parceiros pode se encontrar alguém contaminado, e o contato sem proteção com suas secreções sexuais implica em risco de contaminação. É importante enfatizar que as relações sexuais por si só não garantem a infecção. Esta se dará a partir de práticas sexuais sem proteção, o que não implica a quantidade de contatos sexuais realizados. Sexo só com proteção.

Muitas pessoas se consideram distantes também dos riscos de contaminação pelo HIV por se relacionarem sexualmente apenas com parceiro único, em relacionamentos "estáveis". Acontece que, num dado momento, esta pessoa vem a trocar de parceiro, saindo de uma relação "estável" para iniciar outra. O que se pode observar é que, ao longo de sua vida, essa pessoa acaba tendo uma série de relacionamentos com pessoas diferentes, o que também implica grandes riscos de contaminação.

Outro fato a ser destacado é a "purificação" do parceiro. É comum se verificar que, com o passar do tempo, as pessoas "purificam" seus parceiros e abandonam os procedimentos seguros. E isto ocorre sem que haja uma ampla discussão a respeito do assunto, ignorando-se as situações de risco vividas anteriormente pelos parceiros, que muitas vezes nem chegam a ser conhecidas.

A questão dos relacionamentos verdadeiramente monogâmicos é simplesmente o "verdadeiramente". Em tempos de AIDS, o correto é que os parceiros discutam seriamente a problemática dos riscos, com muita sinceridade, franqueza e honestidade, com o objetivo de preservar a vida.

Quando os primeiros casos de AIDS foram identificados, pensou-se que apenas algumas pessoas, pertencentes a alguns grupos específicos (homossexuais, usuários de drogas injetáveis, prostitutas) seriam atingidos pela doença. Atualmente se sabe que não existem grupos de risco e sim comportamentos de risco e que desta forma todos nós estamos sujeitos à infecção pelo HIV, desde que os cuidados básicos não sejam tomados.

 

18. A saúde e a ética

Reconhecemos os direitos fundamentais do ser humano a uma vida em condições materiais e espirituais que garantam uma existência plena sem qualquer forma de discriminação.

Reconhecemos que a saúde, como expressão da organização social e econômica, é resultante das condições de alimentação, moradia, educação, saneamento, meio ambiente, renda, trabalho, transporte, lazer, liberdade e acesso a bens e serviços essenciais.

Reconhecemos a saúde como um direito da cidadania e um dever do Estado.

Que os profissionais da saúde, em sua missão maior, busquem o alívio do sofrimento e a plenitude da saúde das pessoas e da coletividade.

A ética se situa nessa concepção como o preceito do bem, numa relação objetiva, factual e concreta. Daí que a ética se conjuga no ser de fato, no saber da ciência, na fidelidade da palavra e na promessa do que será, na profecia e esperança do ser humano.

Podemos distinguir a ética em dois pólos inseparáveis: como moralidade subjetiva que se revela como ato da vontade e do desejo e como moralidade objetiva, que se impõe como dever, no compromisso, na responsabilidade e na solidariedade.

Preceito do bem, talhado pelo que é: manifesto e transparente, fiel e exato, desejado e utópico, a ética se coloca como princípio maior do homem na busca da felicidade, do verdadeiro amor.

Por isso é que competência e sabedoria, retidão e solidariedade, esperança e libertação como verdades perseguidas não se encerram em si mesmas, mas se canalizam para alcançar o bem comum e consensual, ou seja, o espaço e o tempo da bondade.

 

19. Conclusão

O HIV tem formas de transmissão bem definidas e caracterizadas, e só é transmitido através de ações humanas específicas e identificáveis, todas sujeitas à ação e controle do homem. Por isto, a AIDS é evitável e controlável.

 

 

 

20. Locais para atendimento público

1. Centros de Orientação e Apoio Sorológico (COAS):

1.1) Hospital Eduardo de Menezes

Av. Dr. Cristiano Rezende, 2,231 - Barreiro

Fone: 383-8000 - ramal 52

1.2) PAM Sagrada Família

 

 

2. Ambulatórios:

2.1) Hospital da Baleia - Pronto atendimento 24 horas

R. Juramento, 1.464 - Saudade

Fone: 481-1711 - ramal 141

2.2) CTR/DIP Orestes Diniz

Al. Álvaro Celso, 241-A - Santa Efigênia

Fone: 222-7900

2.3) Hospital Eduardo de Menezes

Av. Dr. Cristiano Rezende, 2.213 - Barreiro

Fone: 383-8000

3. Hospitais

3.1) Hospital da Baleia - Pronto Atendimento 24 horas

R. Juramento, 1.464 - Saudade

Fone: 481-1711

3.2) Hospital Eduardo de Menezes

Av. Dr. Cristiano Rezende, 2.231 - Barreiro

Fone: 383-8000

3.3) Hospital das Clínicas

Av. Alfredo Balena, 110 - Santa Efigênia

Fone: 239-7100

3.4) Hospital Júlia Kubitscheck

Av. Dr. Cristiano Rezende, 311 - Barreiro

Fone: 383-7066

3.5) Hospital Alberto Cavalcanti

R. Camilo de Brito, 636 - Pe. Eustáquio

Fone: 462-9411

 

 

21. Glossário

Anticorpos: proteínas produzidas por células específicas do sistema de defesa natural do corpo humano responsáveis por colaborar no combate à invasão de corpos estranhos no organismo.

Inibidores de protease: medicamentos utilizados para impedir a ação de uma enzima viral chamada protease. Essa enzima funciona como elemento que permite a maturação e encapsulamento do vírus, no seu processo de reduplicação, dentro do linfócito.

Inibidores de transcriptase reversa: medicamentos utilizados para impedir a ação de uma enzima viral chamada transcriptase reversa. Essa enzima tem a função de copiar o RNA viral, auxiliando no início do processo de reprodução do vírus.

Linfócito: tipo de célula branca presente no sangue e responsável pela defesa contra a invasão de microorganismos. Existem os linfócitos T4, ou auxiliares, e os T8, capazes de destruir seletivamente células malignas ou infectadas.

Mucosa: membrana celular que reveste internamente os órgãos formando uma barreira de proteção umidificada por secreção líquida.

Retrovírus: categoria de vírus cujo material genético é formado de RNA, dependendo de células mais complexas, que contenham DNA, para sua reprodução.

Sistema imunológico: conjunto de células presentes no sangue com função de proteger o equilíbrio de saúde do corpo humano através do combate a microorganismos invasores.

Biossegurança: conjunto de procedimentos relativos ao asseio, higiene e assepsia de materiais e de seres humanos no contato e trato com outros indivíduos na área de saúde.

 

22. Referência bibliográfica

1) PARKER, Richard et alii (orgs.). A AIDS no Brasil. RJ: Relume Dumará/ABIA/IMS-UERJ, 1994.

2) MANN, Jonathan et alii (orgs.). A AIDS no mundo. RJ: Relume Dumará/ ABIA/IMS-UERJ, 1993.

3) MONTAGNIER, Luc. Vírus e homens. AIDS: seus mecanismos e tratamentos. RJ: Jorge Zahar, 1995.

4) LOYOLA, Maria A. (org.). AIDS e sexualidade. O ponto-de-vista das Ciências Humanas. RJ: Relume Dumará/UERJ, 1994.